10 de março de 2010

(...) Não tirei bilhete para a vida,
Errei a porta do sentimento,
Não houve vontade ou ocasião que eu não perdesse.
Hoje não me resta, em vésperas de viagem,
Com a mala aberta esperando a arrumação adiada,
Sentado na cadeira em companhia com as camisas que não cabem,
Hoje não me resta (à parte o incômodo de estar assim sentado)
Senão saber isto:
Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Grande é a vida, e não vale a pena haver vida,
Arrumo melhor a mala com os olhos de pensar em arrumar
Que com arrumação das mãos factícias (e creio que digo bem)
Acendo o cigarro para adiar a viagem,
Para adiar todas as viagens.
Para adiar o universo inteiro.
Volta amanhã, realidade!
Basta por hoje, gentes!
Adia-te, presente absoluto!
Mais vale não ser que ser assim. (...)

Vê mais em
http://www.youtube.com/watch?v=SaRSBFc-VCA

Eliana

3 de março de 2010

"Deserto ou Cidade" e últimas notícias

Sábado não há GRAPA.

E se deixassem um comentário relativamente à última postagem...

Tipo:
- Neste momento parece-me que estou a atravessar o deserto porque ando com sede de me encontrar comigo mas ...
- O deserto? Só vejo água a minha volta!
- O barulho e as luzes da Cidade tornam-me cego para atender as coisas importantes na minha vida...
- Gosto imenso da cidade. Nela encontro pessoas diferentes que ...

1 de março de 2010



"Existem duas formas de estar perdido. Uma que se pode resolver mais facilmente, a outra é mais difícil de lidar. São duas paisagens diferentes: a cidade e o deserto. Na cidade, quando nos perdemos, podemos ir ao posto de turismo mais perto e pedir um mapa. Ou então, perguntamos ao polícia que vemos do outro lado da rua, ou a alguém simpático que nos explica onde estamos e para onde queremos ir. Na cidade, tudo é diferente, confuso, há mil caminhos possíveis. Estar perdido na cidade é esta experiência de termos tanto para escolher e não saber o que será melhor. Aí, só nos podemos encontrar quando alguém nos ajuda. No deserto, não temos ninguém a quem perguntar, não há mapas nem referências. No deserto, vive-se uma experiência de solidão e imensidão. Só se orienta quem conhece a direcção do sol e o lugar das estrelas. Só não se perde no deserto quem conhece além do que vê, quem sabe e quem tem confiança. Nestas duas formas de estar perdido, existe algo em comum: o desejo de encontrar o caminho certo, regressar ao rumo que nos leva ao nosso destino.(...)"

( texto de António Valério, sj)


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